Trago para esse canal um dos maiores clássicos da música nativista. Composta por Kenelmo Amado Alves e Francisco Alves, Esta canção foi apresentada na 10ª Califórnia da Canção Nativa, em 1980. A letra fala dos bordéis da antiga Rua 28 de Setembro, atual Doutor Maia, em especial o cabaré da cafetina Porca Rabona, então muito conhecido.
De vez em quando, quando boto a mão nos cobre,
Não existe china pobre, nem garçom de cara feia.
Eu sou de longe, onde chove não goteia,
Não tenho medo de potro, nem macho que compadreia.
Boleio a perna e vou direto pro retoço,
Quanto mais quente o alvoroço, muito mais me sinto afoito,
E o chinaredo, que de muito me conhece,
Sabe que pedindo desce, meu facão na “28”.
Remancheio num boteco ali nos trilhos,
Enquanto no bebedouro mato a sede do tordilho.
Ouço mugindo o barulho da cordeona
E a velha Porca Rabona, retoçando no salão.
Quem nunca falta é um índio curto e grosso
De apelido Pescoço, da Rabona o querendão.
Entro na sala no meio da confusão,
Fico meio atarantado que nem cusco em procissão.
Quase sempre, chego assim meio com sede,
Quebro o meu chapéu na testa de beijar santo em parede.
E num relance, se eu não vejo alguém de farda, eu grito:
- Me serve um liso daquela que matou o guarda!
Guardo o trabuco, empanturrado de bala,
Meu facão, chapéu e pala e com licença, vou dançar.
Nesses fandangos, levo a guaiaca recheada,
Danço com a melhor china, que me importa de pagar!
O meu cavalo, deixo atado no palanque,
Só não quero que ele manque quando terminar a farra.
A milicada sempre vem fora de hora,
Mas eu saio porta afora, só quero ver quem me agarra.
Desde piazito, a polícia não espero,
Se estoura a rebordosa, me tapo de quero-quero.
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