O VIRA “TRICANAS DE OVAR” COM POESIA DE VASCO DE LIMA COUTO!
Esta gravação data de 1969 e pertence à Banda 1 da Face A do disco LP de 33 R.P.M. editado em Fevereiro de 1975 pela “Tecla”, de seu nome “Maria Albertina”, em que a cantadeira Maria Albertina interpreta grandes êxitos do seu reportório.
Esta é a composição “Tricanas de Ovar” de Maria Albertina, aqui interpretada pela mesma, mas desta feita com versos de Vasco de Lima Couto, de seu nome “Trago no Peito as Marés”, uma poesia dedicada à personalidade de Maria Albertina, que a cantadeira interpreta acompanhada pela Orquestra Ligeira da Emissora Nacional, dirigida por Martinho d’Assunção.
No reverso do disco, vem escrito o seguinte texto do poeta em questão.
«QUANDO MARIA ALBERTINA CANTAVA, NOS PALCOS DAS REVISTAS E DAS FESTAS, ERA COMO SE O SOL DA MANHÃ GUARDASSE O TEMPO DA ALEGRIA PARA NOS OFERECER AS SUAS MÃOS QUENTES NAS HORAS DE TRISTEZA – QUE ERAM MUITAS!
ATRAVÉS DA VIDA, A VOZ DESTA MULHER – QUE TINHA NO OLHAR (COMO HOJE TEM) A LUZ QUE NOS FALTAVA – EMPURRAVA O CORPO DESTA LIBERDADE EM QUE TODOS SONHÁVAMOS.
HOJE, CONTINUA A TER A MESMA FORÇA DE ALEGRIA, O MESMO CORAÇÃO CONTAMINADO, PELO ABRIR DE SOL DO MEU PAÍS LIBERTADO.
OUÇAM-NA... É TUDO!
Este texto exemplifica qual era o significado da voz de Maria Albertina, uma das maiores intérpretes da história da música popular portuguesa, cuja voz empurrava o corpo da liberdade trazida pela Revolução dos Cravos, que a esmagadora maioria dos portugueses ansiava há muito tempo. E também explica qual era o significado do êxito da música popular. O povo português, através da vida, e através das canções, sentia nelas a expressão da liberdade que hoje vivemos, e da qual fomos privados no dia 28 de Maio de 1926, durante 48 anos da nossa história.
Este vira bem alegre, com uma letra poderosa de Vasco de Lima Couto, tal como as “Tricanas de Ovar” originais, foi um êxito total, alvo de transmissões radiofónicas regulares no Programa 1 da Emissora Nacional, futura Antena 1 da RDP, e na Rádio Renascença, pouco tempo depois de ter sido reaberta, e tornou-se em mais um dos maiores sucessos de Maria Albertina.
Este disco fez história, pelo facto de ter sido o primeiro disco em que o guitarrista Martinho d’Assunção revelou os seus dotes de maestro, dirigindo a Orquestra Ligeira da Emissora Nacional em grande parte das gravações deste disco.
Este registo foi retirado do CD “O Melhor dos Melhores – Maria Albertina”, disco editado em 1998 pela Movieplay, que reúne 16 dos maiores êxitos de Maria Albertina, e que continua à venda na FNAC graças ao Conjunto Maria Albertina, que quando foi fundado, inspirou-se claramente nesta célebre cantadeira, a mãe do locutor Cândido Mota.
Espero que gostem.
