Nesse vídeo eu vou te falar sobre os SINAIS DE ALERTA PARA APENDICITE.

Afinal de contas: o apendice serve pra alguma coisa? Tem alguma função biológica? Ou é verdade aquela antiga tradição de acreditar que ele é inútil e que existe apenas pra inflamar e desenvolver a apendicite - que é uma das causas mais comuns de abdomen agudo e cirurgias de urgência no nosso dia a dia.

O que é o apêndice? Qual sua função? Como surge a apendicite? Quais os sinais de alerta e principais sintomas? Como se faz o diagnóstico e o tratamento? E principalmente no final eu vou falar um pouquinho sobre os cuidados pós-operatórios. O que pode e o que não pode fazer e em quanto tempo vem a recuperação após cirurgia?

Quando e por que que o apêndice inflama? Como te falei o apêndice é a única parte do trato digestivo que não tem saída prá nenhum lugar; é aquele dedo de luva; o beco sem saída. E ele tem um diâmetro pequeno (de menos de 1 centímetro). E ele produz um muco que é drenado para o ceco e se mistura nas fezes.

E aí é que está o problema: qualquer obstrução pra essa drenagem faz com que esse muco se acumule, causa a dilatação do apêndice, e ele vai ficando mais cheio, começa a apertar e comprimir os vasos sanguíneos na região e isso acaba levando a uma necrose da sua parede. É como se fizesse um torniquete lá no apêndice - após algum tempo sem oxigênio pras células elas começam a morrer, isso que é a necrose que eu falei.

E esse processo pode levar até ao rompimento do apêndice - a chamada apendicite supurada.

E esse processo inflamatório do apêndice desencadeia uma dor bem importante e aguda naquela região. Você pode ver aqui na imagem que o ceco e o apêndice ficam localizados no quadrante inferior direito do abdomen.

E a dor é a principal manifestação da doença. Geralmente inicia como uma dor ao redor do umbigo e, conforme ela vai ficando mais intensa, vai se dirigindo para o ponto que eu falei no quadrante inferior direito. A pessoa pode apresentar ainda náuseas, vômitos e febre.

E como eu falei, a inflação pode levar a perfuração do apêndice. Nessas situações ocorre uma peritonite - as bactérias caem na cavidade abdominal e causam uma infecção dessa membrana que recobre o trato digestivo - o peritônio - por isso peritonite.

A pessoa nessas situações fica com uma dor muito intensa; a barriga costuma ficar endurecida - é um sinal de proteção, de defesa para a dor. Você tem dor nessas situações até para caminhar - cada pisada no chão desencadeia dor.

Aqui estamos diante de uma situação de abdomen agudo em que o tratamento é emergencial para conter a infecção e evitar um quadro de sepse, que também é conhecido como infecção generalizada. Por isso é muito importante estar atento aos sintomas e buscar atendimento médico o quanto antes nessas situações.

O diagnóstico é feito com base na avaliação clínica do paciente: a característica da dor e os achados de exame físico da pessoa. Os casos típicos de apendicite, principalmente quando avaliados pelo médico com um bom exame do paciente, são diagnosticados geralmente sem maiores dificuldades.

E também é comum se solicitar algum exame de imagem complementar para confirmação do diagnóstico. Nesses casos os dois exames mais solicitados são o ultrassom ou a tomografia computadorizada.

O tratamento é, na maioria das vezes, cirúrgico; o apêndice é retirado - é a chamada apendicectomia, que pode ser feita de modo tradicional, a cirurgia aberta, ou por vídeo - a vídeolaparoscopia.

E a decisão dessa via cirúrgica cabe ao cirurgião que, pela avaliação das condições clínicas do paciente, vai indicar a via mais adequada para cada situação.
Uma palavrinha final sobre o pós-operatório: a recuperação após essa cirurgia depende de vários fatores: a idade da pessoa, se tem alguma comorbidade clínica prévia, qual tipo de cirurgia foi realizada, se teve alguma complicação durante a cirurgia.
A maioria das pessoas que passam por essa doença são jovens e saudáveis - por isso, em geral a internação dura um a dois dias se não tiver nenhuma complicação ocorrida. E em via de regra os primeiros 7 dias são de repouso - a pessoa deve evitar esforços, pegar peso. Deve ficar mais em repouso mesmo. Após esse período as pessoas começam a retornar para suas atividades normais.
Algumas dicas nessa recuperação: evite esforço físico que force muito a musculatura abdominal ainda por um mês após a cirurgia. O ideal para praticar esportes é após umas 4 a 6 semanas. Evite ter relações sexuais nos primeiros 10 dias de pós-operatório. Depois desse tempo, correndo tudo bem em geral seu médico vai autorizar o retorno das relações.
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💠Dr Carlo Cunha
CRM-SC 14913
Medicina de Família RQE 9816
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