letra e musica: chullage
Vídeo: Sliitz
LETRA
Toda a gente diz que tem, espalha,
Lidera uma ideologia/
Quando no fundo é refém, encalha
Espera uma ideologia/
Vinda da boca dum messias/
Que nos faça acreditar
que é preciso aguentar na fome
E votar ate melhores dias/
Mas uns acumulam milhões
Outros nem uma refeição no dia/
Ideologias/
Que falam, falam mas só servem
P’ra mobilizar as massas p’ro interesse duma minoria/
Que tem o capital, as armas,
energia, tecnologia/
P’ra oprimir, explorar o mundo e mantê-lo em constante vigia/
Enquanto fazem razias/
Deixam-nos migalhas
e dividem grandes fatias/
Forçam milhões a imigrar
ou morrer durante as travessias/
pra ir limpar, cozinhar pró Norte
e cuidar das suas crias/
fugidos dos escombros das bombas que caem em nome da paz/
da lei do mercado,
a lei do mais forte que faz/
biliões por cima das vidas
que desfaz/
Com a fome a doença
O desastre ambiental/
A expropriação de agricultores
Por uma multinacional/
Que impõe monoculturas
ou corre atrás dum mineral/
Com a guerra que beneficia o poder imperial/
Tanto fala em democracia como se associa a um poder ditatorial/
O lucro circula global
e o sofrimento fica local/
o rico circula global
o pobre morre no local/
O que é a opinião/ pública senão/
A escolha entre uma ou outra opção/
Que previamente nos dão/ Pela mão/
de intelectuais/
O que são telejornais/
senão/ Spots publicitários
de acontecimentos e ideais/
Verdades em redes sociais
Que nascem de rumores virais
Defendem guerras
e decidem campanhas eleitorais
Metem nacionais
com medo, raiva dos demais/
estereotipam-nos de marginais
e entopem-nos em tribunais/
numa só versão, do que são,
os bons e maus da fita/ 8
televisão pastor dum rebanho
que não pensa só́ imita/
reality shows pro tédio
da classe o trabalho limita/
pa rir com a vida dos outros
já que a nossa só nos irrita/
chorar com a desgraça dos outros pensar que a nossa é mais bonita/
ver o final feliz da novela
enquanto o mundo se desmorona/
acreditar na visão que
nos formata numa poltrona/
olho fixo/ no Netflix
enquanto o cérebro ressona/
e nunca mais acorda.../
vivemos como bonecos que repetem frases e movimentos programados
quando o sistema nos dá á corda/
os mídia dizem agente concorda/
entretidos com futilidades
da realidade não se recorda/
O que é a publicidade
senão um instrumento opressor/
num regime onde o consumo
tornou-se a lei em vigor/
E trocou o estatuto de cidadão
pelo de consumidor/
á a corrente que nos prende ao trabalho como único valor/
e o que é o trabalho senão a obrigação de produzir bens/
E receber salários para consumir
esses mesmos bens/
porque agente produz/
recebe um salário, paga
a casa, o carro, ginásio e a luz/
e gasta o que sobra a comprar o que a publicidade nos induz/8
A felicidade na roupa que se veste,
no carro que se conduz/
Ao som dos/ artistas que pregam só é alguém, e vive bem, quem é dono/ dos objectos que nos põem em destaque na sucessão de hedion/dos/
Talent shows da família, a escola ao trabalho, é a caça ao dom/dos
Steve Jobs e Ronaldos que mostram que isto funciona para continuarmos a correr atrás de cheques redondos/
E vêm os créditos nos bancos
Com sentenças de 30 anos
que nos prendem pra
vivermos sonhos americanos/
e quem não tem emprego
espera-se que não sobreviva/
ou os guetos são os aterros
pró excedente de população activa/
Os que ganham pão na rua
São só mais uns operários/
que não tem mais opção,
senão, tirar daqui os seus salários/
já que a riqueza produzida
não é́ a riqueza dividida/
E a elite ganha a vida
A chupar o sangue de quem ela
Endivida/
farmácias, tabaqueiras não serão traficantes impunes/
não serão políticos
ladroes e assassinos imunes/
escolas igrejas não serão
prisões de neurónios/
que não espantam a injustiça
porque espantam outros demónios/ noticiam outros demónios
educam outros demónios/
transformam os piores monstros
em heróis, homens idóneos/
Já quis
Copiar o que estava no quadro a giz/
Já quis
ler com atenção o que um académico redige
Mas são palavras vazias
Na boca de quem as diz/
Que não respondem as perguntas
Que sempre me fiz/
Já quis
estar informado com estas SIC’s e TVI’s/
Já́ quis
ser alertado por CNN’s e BBC’s/ Mas são palavras de comando Cada vez menos subtis/
Que escondem a verdade
Por baixo do meu nariz/
Já quis
ser acalmado por spotifys e MTV’s/
Já quis
saber o que se passa em talent shows e realitys/
palavras falsas e falsetos
Celebridades e perfis/
Que escolhem por ti,
te dizem quando choras quando ris/
já quis
votar nos políticos que iam mudar o pais já quis
acreditar nas revoluções
desses mc’s
palavras que eu devia guardar
como se fossem uma matriz
mas que não tornaram este mundo
em meu redor mais feliz
![](https://i.ytimg.com/vi/FEOaSQfgHTA/mqdefault.jpg)