Monólogo de Interpretação da música e poesia "A Maldição de Ser Feliz" (2017 - Reverb Poesia)

Uma pessoa com quem você se importa ja sentiu vergonha por você ser o que é?


Depois disso, ser feliz sendo você mesmo, parece uma maldição!


Logo no nascimento, já era visível que pra um pai tão sério aquilo era horrível.

Um filho nascer palhaço não foi razão pra festa.

Mas que cabelo estranho! E que nariz é esse!?

Depois da adolescência, mandaram que escondesse.

Como um espinha falsa, bem no meio da testa.


E ele fez o seu papel. Foi sério o tempo inteiro.

Só dava risada trancado no banheiro.

Ganhou uma maleta e foi atrás do emprego.

Lá foi nosso palhaço. Vestido de adulto com a cara emburrada e um linguajar tão culto.

Mas falar em alegria pra ele, era grego.


Com diplomas e um curriculo em seu repertório,

Chega ao circo de horrores chamado "o escritório"

Lá a sua fantasia é mais um entre tantas

O domador enjaulado que mata um leão por dia

O malabarista desequilibrado fazendo acrobacias

A engolidora de sapos com um nó na garganta

E a atiradora de facas, com sua lingua afiada, ecplica a refra do jogo:

Ninguém contraria o chefe porque ele cospe fogo.

Mas aparece o ilusionista anunciando a sexta-feira

E o palhaço que perdeu a alegria procurando se encontrar, leva no peito um sorriso estampado no crachá.


Eu nasci com a maldição de ser feliz

Eu só queria ser normal.

Sorrir apenas quando dizem xis

Procurei alguma cura pra esse mal.

Mas percebi que a maldição estava mesmo em ser normal.


Debaixo dessa careca eu sei que existe uma peruca e aquela ideia maluca de quem sabe um dia ser feliz.

Debaixo da maquiagem, eu sei que existe um palhaço que vai entender que o fracasso é não assumir o seu nariz.

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