Merecedoras incontestáveis de honrarias e reconhecimento como guerreiras, as Advogadas, defensoras fiéis do direito e da justiça, lutaram arduamente pelo reconhecimento da mulher na carreira jurídica, conquistada com muita luta e determinação, pois para se chegar até aqui, antes de tudo, foi preciso batalhar com afinco contra o preconceito.
As histórias e conquistas são realizadas por mulheres que quebram paradigmas, e com Myrthes Gomes de Campos não foi diferente. Considerada a primeira mulher Advogada do ordenamento jurídico Pátrio, Myrthes foi uma grande conhecedora da ciência criminal e reconhecida, atualmente, como um divisor de águas na história da mulher na advocacia. Todavia, o reconhecimento tardio dos seus méritos evidenciaram a presença do sexismo praticado pela sociedade que colocaram obstáculos ao exercício da advocacia por mulheres.
Em 1910 foi a primeira vez que uma mulher esteve em um Tribunal do Júri, não na condição de réu, mas patrocinando a defesa de um acusado. A história e o destino incumbiram a Myrthes esse momento ímpar e de grande repercussão social, não por qualquer crime cometido, mas, tão somente, pelo fato de uma mulher estar figurando como Advogada em uma sessão do Tribunal do Júri.
Além da barreira social vencida àquela época, segundo relatos, Myrthes demorou aproximadamente 10 (dez) anos após a sua graduação para ser aceita no Instituto dos Advogados do Brasil, mais de 06 (seis) pedidos de inscrição foram indeferidos, sendo que da sua primeira inscrição, a negativa fora resultado de 16 votos a 11 vencidos, sob o argumento de não ser uma profissão adequada para mulher.
Vale ressaltar que nos últimos 20 (vinte) anos os avanços e conquistas para a Advogada foram mais positivos em relação aos últimos 100 (cem) anos, porém ainda há muita luta, uma vez que até a presente data o Conselho Federal da OAB nunca fora presidido por uma Advogada, indicativo forte de que a profissão ainda é marcada por desafios e necessidades constantes da participação efetiva das Advogadas na Ordem dos Advogados do Brasil. Felizmente, o momento é propício para o diálogo sobre inserção, visibilidade, igualdade de gênero e tantos outros temas de extrema relevância para a sociedade.
Advogados e Advogadas merecem o mesmo respeito, espaço e valorização. O desafio é igualar a balança de gênero a um nível que todos recebam tratamento igualitário e justo. A capacitação para ser um Advogado(a) é a mesma no Brasil, mas a discussão sobre seus méritos, conquistas e valores profissionais vão além de exigências técnicas, demandando, constantes reflexões sobre a igualdade de gênero naquele que é o berço da luta na efetivação de direitos, ou seja, na advocacia.
Mulheres como Myrthes Gomes de Campos ressignificaram o que é “ser mulher”, questionando valores e (pré) conceitos a partir de um ato de coragem para dar início a uma nova vida. Quando uma Advogada dá o primeiro passo, toda a sociedade avança.
Tudo nos faltará: talento, eloquência, e até erudição, mas nunca o sentimento de Justiça; por isso, é de esperar que a intervenção da mulher no foro seja benéfica e moralizadora, em vez de prejudicial como pensam os portadores de antigos preconceitos’’. (Myrthes Gomes dos Campos. O País, Rio de Janeiro, p. 2, 30 set. 1899).
Logo, exteriorizamos nossa singela gratidão em homenagem a todas as Advogadas, especialmente as que batalham com a equipe da Sociedade de Advogados DUQUE ESTRADA, ZEFERINO, LUZ & RIGONATT PAES. Essa luta também é nossa.
Projeto desenvolvido pelos Estagiários do escritório DUQUE ESTRADA, ZEFERINO, LUZ & RIGONATT PAES.
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