A Cíntia cresceu sabendo que tinha uma irmã por parte de pai, mas não sabia seu nome nem onde poderia procurá-la. Até que o destino decidiu que elas deveriam se encontrar já adultas na fila da padaria, em uma conversa totalmente inusitada.
Quando a Cíntia era pequena sua mãe contou que quem ela imaginava ser seu pai era, na verdade, seu padrasto. Seu pai biológico assumiu a paternidade nos papeis, mas tinha outra família e não seria presente.
As únicas informações que a Cíntia tinha desse pai biológico eram seu nome, que ele tinha outra filha, e que ele era adestrador de cachorro e foi o responsável de trazer para o Brasil uma raça super específica.
Já adulta, a Cíntia foi pesquisar o nome do pai nas redes e descobriu seu Facebook e passou a acompanhar escondida. Naquela página ela procurou fotos da sua irmã, mas ela não encontrou nada. Certo dia, pela página mesmo, ela recebeu a notícia da morte do seu pai. E seu mundo cai.
Cintia cresceu certa de que a ausência do pai biológico não era uma questão para ela. Ela vivia bem com aquilo, só tinha curiosidade de saber quem ele era para além do que sua mãe contava.
Mas no momento em que ela descobre que ele morreu, também descobre que seus sentimentos foram varridos para debaixo do tapete para não lidar com eles. E assim os anos passaram. Cíntia, que hoje é veterinária, abriu um espaço com o marido no bairro e foi entregar alguns panfletos na rua para divulgar sua clínica.
Ela e o marido foram parar em uma padaria e viram uma moça na porta com um cachorro. Eles foram lá falar da clínica para ela e durante a conversa, a moça diz o nome do pai e que ele era adestrador. O marido da Cíntia, que estava sentado no chão brincando com o cachorro da mulher, cai no chão e diz: "Vocês duas são irmãs!"
E de fato, elas eram irmãs. As irmãs que sabiam da existência uma da outra, mas que nunca se encontraram, a não ser na fila da padaria. Esse encontro não foi à toa, foi o destino agindo. Isso porque a irmã da Cíntia estava de mudança para a Itália dali a poucos dias.
As duas aproveitaram os poucos meses juntas e hoje constroem a história que lhes foi negada, à distância, mas sabendo que elas podem contar uma com a outra.
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