DISCO Nº 6697 DA RÁDIO RENASCENÇA! MÚSICA PROIBIDA PELA EMISSORA CATÓLICA PORTUGUESA!
Esta gravação data de 1981, foi efectuada nos Estúdios R.P.E. por José Fortes, e pertence à Banda 3 da Face B do disco LP de 33 R.P.M. editado pela "Polydor", marca da "Polygram Discos, S.A.", matriz "2901 015" e nome "Doce - É Demais", em que o fabuloso quarteto vocal feminino, formado por Teresa Miguel, Fátima Padinha, Helena Coelho e Laura Diogo, e responsável por uma revolução extraordinária na história da música, que foi respondida com um ataque mesquinho e asqueroso de toda a alcateia de lobos chamada "Sociedade Portuguesa", interpreta 10 temas musicais do seu reportorio, entre elas "É Demais", "Dói Dói", "Era Bom mas Acabou-se" ou a difamada "Ali Bábá (Um Homem das Arábias)".
Aqui, escutamos a voz de Laura Diogo, uma voz doce e meiga, de extrema sensualidade, que lembra por vezes uma mescla das vozes de Jane Birkin, Billie Holiday e Marilyn Monroe, e que em nada se alterou com o tempo, acompanhada pelas vozes poderosas da Teresa Miguel (Tucha), Fátima Padinha e Helena Coelho, pela bateria de Ramon Galarza, pelo baixo de Zé Nabo, pelas guitarras de Johnny Galvão, pelo piano e polymoog de Armando Gama, e pela pandeireta de Tozé Brito, na interpretação da canção romântica “Eu Sou” de Tozé Brito, com poesia bem ousada de Pedro Brito:
Eu sou a tua casa
Já tenho o corpo em brasa
Eu sou o teu licor
Vem beber-me as lágrimas amor
Eu sou o teu prazer
Já tenho o corpo a arder
Eu sou a sobremesa
Vem morder-me amor esta tristeza
Eu sou a noite certa
Eu sou a porta aberta
Que acabas sempre por fechar
Eu sou a tua escrava
Sou um vulcão em lava
Aceso só para te amar
Eu sou a tua cama
Já tenho o corpo em chama
Eu sou o teu presente
Vem abrir-me aos poucos lentamente
Esta interpretação formidável de Laura Diogo surgiu no âmbito duma série de gravações a solo que cada cantora das Doce fez, para se provar à Imprensa que Laura Diogo sabia cantar, o que veio a acontecer.
Mesmo que possuísse uma voz de tessitura e vibrato radicalmente diferente das vozes poderosas da Tucha, da Fá e da Lena, e mesmo que não fosse a voz mais perfeita das Doce, não houve que negar que Laura Diogo era super talentosa, e ainda hoje, a doçura da sua voz, a sua sensualidade e a sua meiguice continuam intactas até hoje.
No entanto, graças à inveja que pairou sobre as Doce, as infâmias e calúnias que lhes atiraram à cara, principalmente a campanha difamatória contra Laura, da qual é melhor nem lembrar, aumentaram de tom, num país onde a maldade é quem domina, em tudo superintende, tudo açambarca e tudo submerge, chegando ao ponto desta música não ser passada na rádio em lugar nenhum, por ordem da Renascença, que mandou proibir esta música, isto até hoje.
Eu já era fã das Doce desde sempre, desde que me conheço como gente, e nunca me dei à iniciativa de divulgar as suas músicas porque achava desnecessário, e acreditava que a sua popularidade, o seu prestígio e o seu sucesso estavam mais que consolidados, tanto pelos seus fãs como pelos analistas da música nacional, mas nunca pude supôr nem imaginar que elas ainda eram, e ainda o são, por alguma gente desprezível, como uma pedra no sapato, uma espécie de ovelha ranhosa no seio desta alcateia de lobos implacáveis chamada "Sociedade Portuguesa", e que até aos nossos dias, devido à sua irreverência, ao seu talento enorme, ao bom gosto esmagador do seu reportório, e aos desafios que elas impuseram contra os ditames da época, afirmando a emancipação das mulheres num país acinzentado que ainda não desapareceu por completo, eram e são vetadas a um desprezo vergonhoso e imbecil, da parte duma gentalha que só se sente bem a fazer o mal contra os outros, o que é incompreensível.
E claro é que só é possível num país como Portugal, onde "até o maior compositor português (Frederico de Freitas, subentendido) se vê obrigado a auto-defender a si e ao seu legado, para não cair no esquecimento", como disse há poucos dias, mais coisa menos coisa, o Herman José, que também já sofreu na pele o impacto destrutivo da inveja alheia.
E passados perto de 40 anos sobre este fenómeno extraordinário, ainda hoje, além das intérpretes estarem a passar por muitos sofrimentos, tanto físicos como psíquicos, as músicas das Doce, apesar de serem conhecidas por milhões de pessoas, não se ouvem em lugar nenhum, principalmente esta interpretação notável da Laura Diogo, cuja voz continua intacta até hoje.
Espero que gostem, e já sabem: DOCE FOREVER!
Ещё видео!