- - - - -
PAROUVIR
músicas antigas
(0370)
título: "Ontem ao Luar" ("Chôro e Poesia")
intérprete: Francisco Petrônio
idioma: português (Brasil)
acompanhamento: Dilermando Reis (violão)
ano da gravação: LP de 1970
autores: Pedro de Alcântara & Catullo da Paixão
(com letra)
Ontem, ao luar,
Nós dois numa conversação,
Tu me perguntaste o que era a dôr de uma paixão.
Nada respondí;
Calmo, assim, fiquei.
Mas, fitando o azul, o azul do céu,
A lua branca eu te mostrei...
E, mostrando-a a ti,
Nos olhos meus correr sentí...
Uma nívea lágrima e, assim, te respondí.
Fiquei a sorrir por ter o prazer...
De ter a lágrima nos olhos a correr.
Se tu desejas saber o que é o amor...
E sentir o seu calor...
E o amaríssimo travor do seu dulçor,
Sobe um monte à beira-mar,
Ao luar;
Ouve a onda, sôbre a areia, a lacrimar;
Ouve o silêncio a falar...
Na solidão do calado coração,
A penar e a derramar os prantos seus;
Ouve o chôro perenal,
A dôr silente e universal...
Que é a dôr maior, a dôr de Deus.
A dôr da paixão não tem explicação;
Como definir o que só sei sentir?
É mister sofrer para se saber...
O que, no peito, o coração não quer dizer.
Pergunta ao luar, travêsso e tão taful,
De noite, a chorar na onda tôda azul;
Pergunta ao luar, ao mar, à canção,
Qual o mistério que há na dôr de uma paixão?
Olha como a tulipa...
Envelhece ao desmaiar...
E como langüesce no adeus crepuscular;
E, órfã de amor,
Tôda multi-côr,
Ao dôce frescor do suspirar,
Do soluçar da venturosa,
Harmoniosa,
E generosa viração,
Suspira e atira suas pétalas ao chão.
Sente a flôr brotar logo após murchar;
Sente-a morrer e a dôr da flôr hás de entender.
Se tu queres mais...
Saber da fonte dos meus áis,
Põe o ouvido aquí na rósea flôr do coração...
E ouve a inquietação...
Da merencória pulsação;
Busca saber qual a razão...
Por que êle vive assim, tão triste,
A suspirar, a palpitar,
E, numa desesperação,
A queimar de amar um insensível coração...
Que a ninguém dirá no peito ingrato onde êle está,
Mas que ao sepulcro fatalmente o levará.
- - - - -
Vários intérpretes gravaram versões de "Ontem ao Luar" escolhendo aleatòriamnete as estrofes a serem cantadas, e/ou alterando a ordem das estrofes, e/ou suprimindo estrofes, e/ou fazendo modificações na letra.
A gravação inserida no vídeo acima foi lançada pela Continental no LP "Uma Voz e Um Violão em Serenata - Francisco Petrônio e Dilermando Reis - vol. IV; (essa série de LPs chegaria ao vol. VII).
- - - - -
Ver o resumo biográfico de Francisco Petrônio na postagem de "Lua Branca - Francisco Petrônio" em...
[ Ссылка ]
- - - - -
Ver o resumo biográfico de Dilermando Reis na postagem de "Beijo Fatal - Francisco Petrônio" em...
[ Ссылка ]
- - - - -
José Pedro de Alcântara (Rio de Janeiro - RJ - 21/ago/1866 ● Sete Lagoas - MG - 29/ago/1929) foi um instrumentista, compositor, e maestro que ficou conhecido como Pedro de Alcântara.
Começou seus estudos de flauta ao 15 anos e tocou em público pela primeira vez em 15 de agosto de 1881, numa missa na igreja do Outeiro da Glória (RJ), quando executou um solo de flauta, muito apreciado por D. Pedro II, presente na ocasião. Funcionário dos Correios e Telégrafos, deixou o emprego para dedicar-se somente à música. Também apresentou-se em cinemas e integrou a Orquestra Sinfônica de Francisco Braga, além de haver dirigido orquestras populares.
Apesar de ter escrito cerca de 30 composições, somente a polca "Dores do Coração", editada em 1907 com o nome de "Choro e Poesia", se tornou conhecida. Em 1912 Pedro de Alcântara (flauta) e Ernesto Nazareth (piano) realizaram uma gravação da polca "Chôro e Poesia"; mais ou menos na mesma época a música também foi gravada pela Banda da Casa Edison. Em 1913 a música recebeu letra de Catullo da Paixão Cearense, passando a chamar-se "Ontem ao Luar" (ou "Hontem ao Luar" - de acordo com a ortografia da época), título com o qual se celebrizou, tendo sido gravada por Vicente Celestino em 1917; (Celestino regravaria esta canção em 1952).
Em 1929 Pedro de Alcântara deu seu último recital, na cidade de Sete Lagoas (MG), no Cine Trianon. Poucos dias depois, em 29 de agosto de 1929, naquela mesma cidade, ele viria a falecer, oito dias após completar 63 anos de idade.
"Choro e Poesia"/"Ontem ao Luar" foi muito relembrada a partir de 1970, quando o filme "Love Story" fazia sucesso internacional com sua música tema que é muito parecida com a melodia de Pedro de Alcântara. Por causa disso "Choro e Poesia"/"Ontem ao Luar" têve várias regravações, muitas das quais traziam apenas o nome de Catullo da Paixão como autor. Em 1976 uma das netas de Pedro de Alcântara obteve uma decisão judicial que restabeleceu o nome de seu avô como co-autor da composição.
- - - - -
Ver o resumo biográfico de Catullo da Paixão Cearense na postagem de "Não Vê-la Mais - Paulo Tapajós" em...
[ Ссылка ]
- - - - -
![](https://i.ytimg.com/vi/TYHUDZd2wjg/mqdefault.jpg)