Música: Leonel Gomez | Letra: Evair Suarez Gomez e Fernando Soares
Ao passo clareia o dia, tranqueando igual ao cavalo
A cerca do alambrado pelos fios levava a vida
A D’alva já se escondia no aconchego das macegas
E a trança firme da rédea baixo ao poncho se perdia
Chora o sereno caído o fio liso do alambrado
Mágoas que guardou o farpado pra enferrujar-se em seguida
Se vai a cerca estendida guardando o limo na trama
D'onde uma teia de aranha tece seu rumo de vida
O mesmo fio do alambrado que já me foi guitarreiro
Atorou a pata do overo entre o machinho e o casco
Junto ao potreiro dos guachos de uma estância alheia
Relincha pro volta e meia sentindo quando me aparto
Vou olhando o alambrado, pois entre as coisas que guarda
Fica um naco da minh'alma ali na estância pra trás
E por certo muito mais quando chegar lá nas casas
O meu piá com os olhos d’água e um cabrestito, no más
O alambrado no passo como uma potra gateada
Guarda a crina da cruzada de alguma enchente matreira
Me apeio na porteira, desprendo a argola da trama
E uma estrada se derrama por duas cercas lindeiras
E ao passo se achega à noite num mesmo trote a cavalo
E a luz traz seu regalo luzindo o arame de cima
A D’alva na sua rotina de espiar o dia passado
E a cerca do alambrado pelos fios levava a vida
Vou olhando o alambrado, pois entre as coisas que guarda...
.
![](https://i.ytimg.com/vi/UODjeyum0ZU/maxresdefault.jpg)