Distinguida com vários prémios nos últimos anos, Lisboa parece estar na moda, acolhendo 35 mil visitantes por dia. Mais do que nunca, a cidade depende do turismo. O número de turistas continua a aumentar e a capital portuguesa cria uma nova identidade. Os pontos comerciais criados para agradar ao turista — o novo protagonista da cidade —, apropriam-se dos produtos tradicionais portugueses, criando um “novo tradicional”, vendido como autêntico. Desde os novos sistemas de transporte, às lojas de conveniência, padarias, casas de pastéis de bacalhau ou de nata, de conservas ou de azulejos, a gestão da capital portuguesa “só para turistas” afasta o comércio tradicional e a população. Os novos pontos comerciais vão aparecendo e desaparecendo conforme a sorte; os mais antigos tentam acompanhar a tendência, remodelando a sua imagem e oferta de forma a conseguir concorrer com este novo mercado. Mais do que construir e manter um cliente (característica típica do comércio tradicional), o que importa é ter uma boa crítica no Trip Advisor. Lisboa torna-se numa ridicularização do que é dito “tradicional” ou “nacional”, vendido como autêntico, correndo paradoxalmente o risco de se tornar numa cidade sem identidade. Partindo desta visão, É uma casa portuguesa. De certeza? propõe um roteiro com percursos no centro histórico da cidade, observando estes locais e mapeando esta nova-falsa Lisboa, centrada somente no que o turista procura.
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