A canção de hoje, na verdade, são duas. Ao compor tão inspirada melodia, Milton Nascimento decidiu entregá-la separadamente a dois parceiros seus, pedindo a um e a outro que fizessem a letra. Atentemos ao detalhe curioso: se-pa-ra-da-men-te. Sim, nem Fernando Brant nem Márcio Borges sabiam da "concorrência" e, convenhamos, esse tipo de "traquinagem" é a muito cara do Bituca!

Quem já leu um pouco sobre sua história de vida e sobre sua carreira ou conhece algumas histórias do Clube da Esquina, por exemplo, saberá que Milton Nascimento sempre teve das suas convicções e um jeitinho todo peculiar de conduzir as coisas ao seu modo. Desde insistir junto à gravadora em fazer um álbum duplo (novidade arriscada à época) e ainda por cima com um garoto então desconhecido (Lô Borges, gente!) até encher o estúdio com crianças, vizinhos, amigos de infância (não músicos) para fazerem o coro em algumas faixas... Isso, só para citar alguns exemplos, rs...

Fernando Brant e Márcio Borges fizeram, então, cada um, uma letra diferente para a mesma melodia e Milton, ao recebê-las, achou que tinham tudo a ver uma com a outra e que formavam um todo, eram mesmo uma coisa só: uma, a continuidade da outra. Assim, decidiu gravá-las juntas, como "parte A" e "parte B" de uma mesma faixa no clássico, histórico, icônico (salve-salve!) álbum Clube da Esquina 2, de 1978.

Na não menos clássica, histórica e icônica (salve-salve!) gravação desta música naquele álbum, Milton dividiria a interpretação com ninguém menos que Elis Regina e, muitos anos mais tarde, a voz de Elis voltaria a soar, esplêndida e incrivelmente viva e presente, na abertura do espetáculo "Tambores de Minas" (1997/98), que marcaria a emocionante volta de Bituca aos palcos, depois de um período afastado por motivo de doença. Dagô, então com seus 19 anos, esteve presente na plateia e estremeceu ao ouvir aquilo, naquela circunstância...

Não era para menos: esta música parece mesmo ter sido feita, quase 2 décadas antes, para aquele exato momento da vida de Milton, em que o homem que ele era voltava, reafirmando uma vida de tantos recomeços, retomadas, superações - o que confirma a força desse artista fabuloso, engenhoso e criativo, sem amarras e sem igual, um gigante, uma verdadeira entidade da música brasileira!

Nós amamos o Milton!!... e também o Clube!... e tudo o mais que venha junto! E nunca, jamais, imaginamos que seríamos capazes de reproduzir esta música aqui, tamanha a força que ela transmite, tamanha a singularidade de sua beleza... Mas, ora, ora, para nossa sincera surpresa, cá estamos com uma versão que nos orgulhamos de termos conseguido fazer pra essa canção que consideramos um verdadeiro hino e que carrega consigo tantas histórias, tantas vozes, tantos nomes que queremos reverenciar! ♥

Salve Milton! Salve Elis! Salve Brant! Salvem os Borges! Salve o Clube, eterno, com seus eternos e ilustres "frequentadores"!! Salve o melhor, o mais belo e o mais representativo da real beleza da nossa magnífica música brasileira!!! Salve!!! ♥

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Se você também é fã de Milton Nascimento, não deixe de conferir a playlist que criamos só pras músicas dele que já trouxemos aqui no canal! ;)
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