O podcast Flow anunciou na tarde desta terça-feira (8) a demissão do apresentador Monark (Bruno Aiub), que defendeu a existência de um partido nazista reconhecido por lei no Brasil. Na tarde de ontem, durante uma transmissão do programa ao vivo, na qual eram entrevistados os deputados federais Kim Kataguiri (Podemos-SP) e Tabata Amaral (PSB-SP), o influenciador afirmou ser a favor da criação de um partido nazista e alegou “liberdade de expressão”.
Kim Kataguiri afirmou na conversa achar errado que a Alemanha tenha criminalizado o nazismo depois da Segunda Guerra Mundial (1939-1945), durante a qual o governo nazista liderado por Adolf Hitler promoveu o extermínio de milhões de judeus e outros grupos. O deputado também se queixou de partidos comunistas terem mais espaço na imprensa que defensores do nazismo – uma comparação que não se sustenta, uma vez que partidos como o PCdoB não pregam a exclusão de minorias étnicas e hoje jogam dentro das regras da democracia brasileira.
“Ao longo da nossa história, tratamos de tremas sensíveis e polêmicos, buscando promover conversas abertas sobre assuntos relevantes para a nossa sociedade, sem preconceito ou ideias pré-concebidas. É isso o que sempre acreditamos e defendemos”, inicia a nota.
O comunicado ainda afirma que o episódio 545, onde Monark fala sobre o nazismo, foi retirado do ar em todas as plataformas. “Comunicamos também a decisão de que, a partir deste momento, o youtuber Bruno Aiub está desligado dos Estúdios Flow”, completa.
“Esta decisão foi tomada em conformidade com o que determinam todos os preceitos de boa prática, visão e missão nos Estúdios Flow. Pedimos desculpas a todas as pessoas, em especial à comunidade judaica”, alega.
Durante o podcast dessa segunda-feira (7), o apresentador afirmou que “a esquerda radical tem muito mais espaço do que a direita radical. As duas tinham que ter espaço na minha opinião”. “Eu acho que tinha que ter um partido nazista reconhecido pela lei”, disse ainda e perguntou: “As pessoas não têm o direito de serem idiotas?”.
Após a repercussão e vários patrocinadores cancelarem seus contratos com o podcast, Monark pediu desculpas, mas pediu compressão do público pois estava bêbado.
Além disso, o Ministério Público de São Paulo (MPSP) recebeu uma denúncia contra Bruno Aiub. A representação é de autoria de Vini Caetano, ativista de direitos humanos. Na peça, o autor solicita a abertura de um processo criminal contra o apresentador pelo crime de antissemitismo e, também, o cancelamento das contas do programa no Instagram, Facebook, Twitter e YouTube. A representação também quer reparação financeira para entidades sociais judaicas.
O Flow Podcast é submetido aos Estúdios Flow, dona de uma série de podcasts, como o Flow Sport Club. A empresa tem Bruno Aiub como sócio. No comunicado, é confirmado apenas o desligamento do youtuber do programa e não do quadro societário da empresa.
No Brasil, é crime "praticar, induzir ou incitar a discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional", segundo o artigo 20 da Lei nº 7.716/89, que prevê até três anos de reclusão ao autor.
Uma das maiores patrocinadores do programa, a marca Puma anunciou o fim da parceria com o podcast. Outras marcas esclareceram não patrocinar mais a atração, como a Flash Benefícios, a Mondelez, detentora da marca Bis, o Ifood e o Ragazzo. A Ferj, federação de futebol do RJ, anunciou que o programa não poderá mais transmitir os jogos do Campeonato Carioca, como vinha fazendo na edição deste ano.
Fonte: Metrópoles | Correio Braziliense
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