Décima sexta etapa
Oliveiroa a Corcubion 21,84km
Acumulado: 396,3km
Após uma noite reparadora em Oliveiroa, hoje ao acordar o espírito era diferente. Ainda surgiu o pensamento, talvez tivesse sido boa ideia ter terminado em Santiago, mas ao levantar e não sentir dor indicou que o corpo estava outra vez apto para o caminho.
Como já é tradição o pequeno almoço foi tomado no albergue, estava preparado desde sábado porque sabiamos que aos domingos não se consegue comprar nada.
Saímos de espírito tranquilo e como Oliveiroa é pequeno e o nosso albergue ficava praticamente na saída, dois passos depois já estávamos a atravessar uma pequena ponte com um ribeiro. Foi muito bom ouvir o som da água, o fresco da manhã, os cheiros da montanha. Estava novamente feliz por estar a fazer o caminho, este é o meu lugar, em plena comunhão com a natureza. Sinto também uma enorme gratidão por todos os que me ajudaram com o envio de Reiki para que a recuperação fosse tão rápida, sinto que aquele momento não é só meu, mas de todos.
O caminho continua sem grandes desafios, ligueiras subidas e descidas, nada de mais, vacas a pastar no prado, uma visão muito mais agradável do que as que vimos nos dias anteriores fechadas em vacarias. Quando estamos bem, tudo fica bem e pelos vistos até as vacas ficam bem 😊.
Ao fim de 3,5km chegamos a uma pequena localidade, Logoso e aproveita-se para tomar o também tradicional café con leche.
O caminho continua mais uns quilómetros pelo campo até entrar numa estrada que nos leva à bifurcação entre Muxia e Finisterra. Desta vez já estava anteriormente decidido que íamos diretamente para Finisterra, numa próxima passagem por cá logo vou conhecer Muxia.
Voltamos ao caminhos na serra e temos uma excelente surpresa. Normalmente gostamos de fazer a merenda a metade do caminho e também gostamos de ter onde nos sentar, porque para além da merenda há sempre que cuidar dos pés
Desta vez os 10km coincidem com a capela de Nossa Senhora das Neves, em frente a esta capela há um parque de merendas com umas excelentes mesas e bancos de pedra. Hoje foi daqueles dias que tudo estava a correr sobre rodas. Comemos umas barritas, porque devido a ontem ter sido domingo não havia muito na mochila, nas foi bom, quando se tem apetite, tudo sabe bem.
Se até aqui a caminhada correu bem, daqui para a frente melhor ainda, recordo de uma vez ter olhado para o telemóvel e reparar que já ia em 16km e pensar na facilidade de ter ali chegado, quando no dia anterior aos 13km já me apetecia parar.
Foi mais ao menos a esta distância que começamos a ter uma visão magnífica, o mar lá ao fundo, meio encoberto com a neblina começa a se revelar. A última vez que tínhamos visto o mar foi no dia 7 ao aterrar no aeroporto de Oviedo, agora praticamente 400km de caminho por montes e vales, aí está ele de novo. À medida que nos vamos aproximando vai ficando mais nítido, até já se vislumbra os navios, a linha de costa, as casas da povoação que está junto.
Iniciamos uma descida que em dois quilómetros nos leva dos 280m até junto do mar. Foi a parte mais difícil do percurso, mas conseguimos fazer sem "plantar nenhuma figueira" isto é, sem cair.
Ao chegar à localidade percebemos que o albergue era do outro lado da baía, foi contornar sempre junto ao mar até chegar ao alojamento. Aí tivemos outra agradável surpresa, um albergue com vista para a baía. Nem queríamos acreditar, era o prêmio merecido do esforço, que no fundo foi prazer, de chegar aqui. Digo que foi prazer porque as partes menos boas já foram esquecidas, as dores, o dormir ao relento quando ficamos sem albergue, todos esses pequenos contratempos são compensados com o prazer de sentir que o nosso objetivo está praticamente alcançado. Faltam 14 km para Finisterra.
Depois de chegar foi as atividades tradicionais, tomar banho, lavar a roupa e procurar comida para almoçar. Os restaurantes já estavam fechados então fomos a um supermercado onde já compramos comida para o pequeno almoço e merenda de amanhã. Mas para hoje não resistimos à tentações de comprar uma Fabada pré cozinhada. Usamos depois a cozinha do albergue para tratar do apontamento final e só posso dizer que estava deliciosa.
O final da tarde foi passado a caminhar na praia, pés destro de água, como que numa limpeza da tudo o que passaram até chegar aqui. Assistir ao pôr do sol na janela do albergue, ouvir o mar, as gaivotas, sentir que tudo valeu a pena
Amanhã é a última etapa, estamos felizes por tudo o que este caminho nos tem ensinado, pelas transformações que tem operado em nós. Há uma transformação que se nota bem, o volume corporal, estou bem mais magro 😁, mas há outras transformações mais profundas que só o tempo irá revelar.
Até amanhã, para a cronica do último dia do caminho
Folk Round de Kevin MacLeod está licenciada ao abrigo da Creative Commons – Atribuição 4.0. [ Ссылка ]
Origem: [ Ссылка ]
Artista: [ Ссылка ]
Ещё видео!