Entre uma e outra "verdade", há 500 tons de informações que poderiam nos dar pistas mais claras sobre para onde nossa sociedade está caminhando. Esses, porém, não alcançam as frequências de quem apostou na radicalização e escolheu não ouvir o outro lado. Na era do "block", do "unfriend" e do "unfollow", estão pregando apenas para convertidos.
Quanto mais virulento o ativismo, mais pobre é o debate. As pessoas estão passando por cima de suas amizades para não abrir mão de seus pontos de vista. Desenvolveram intolerância à opinião alheia.
Ambientes caóticos, como uma timeline livre de "limpezas ideológicas", sempre serão mais ricos do que os perfis higienizados em épocas de crises e nervos à flor da pele. Quanto menos espaço damos ao contraditório, menos informação temos. E quanto menos informação, maior a ignorância.
Os que, ao contrário, partem para a defesa de um lado ou outro, o fazem quase sempre de maneira absoluta, alérgicos ao que os contraria e orgulhosos das "faxinas" que eliminam opiniões diversas. Sem ter suas próprias crenças colocadas em perspectiva, o que resta é um crescente fanatismo.
Portanto, ouçamos Steven Johnson: sem colisões (de ideias!, não de tapas), não há crescimento. Apenas verdades absolutas. Apenas certezas fatais. Apenas uma triste polarização que incomoda e assusta.
"É o confronto de duas humanidades tão diversas, tão heterogêneas, tão verdadeiramente ignorantes uma da outra, que não deixa de impor-se entre elas uma intolerância mortal", dizia um historiador em 1936. Referia-se a indígenas e colonizadores, mas a frase cabe perfeitamente nas rusgas entre "petralhas" e "coxinhas".
O Brasil já foi "um país do futuro", imaginado pelo austríaco Stefan Zweig em 1940. Se ele baixasse aqui hoje, o que pensaria destes "homens cordiais" entrincheirados raivosamente em suas próprias convicções, tal como há oito décadas atrás? Como em 1936, o Brasil hoje é puro coração, mas seu futuro está em xeque. Nossa cordialidade sempre ocultou uma violência, que pode se tornar extrema em momentos delicados como o que vivemos agora. É hora de dar ouvidos à razão."
"Plano Real", "Bolsa Família", grandes feitos para dois governos, porém tão pouco para 30 anos de "democracia". Cada lado fica defendendo radicalmente este "tão pouco". 2018 está aí. Acorda Brasil. Precisamos de um outro caminho.
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