Francisco e Jacinta, dois meninos de tão pouca idade,
bem cedo começaram a viver a Eucaristia, de forma intensa.
Usavam muitas vezes para falar da Eucaristia, a expressão Jesus Escondido.
De facto, esta expressão, afirma que Jesus Se esconde sob as espécies eucarísticas do pão e do vinho.
Os seus pais comunicaram-lhes,
mesmo antes das aparições de Nossa Senhora, o gosto pela oração.
O Francisco e a Jacinta aprenderam a rezar todos os dias esta curta oração:
Bendito e louvado seja o Santísssimo Sacramento da Eucaristia,
Fruto do ventre sagrado da Virgem Puríssima, Santa Maria.
No Outono de 1916, apesar do seu intenso desejo,
nem o Francisco nem a Jacinta podiam comungar.
Mas o anjo que vem visitá-los pela terceira vez preparou-os divinamente.
Aliás, estavam em adoração, quando se aperceberam de que por cima deles estava uma luz desconhecida:
"Erguemo-nos para ver o que se passava e vimos o Anjo, tendo na mão esquerda um Cálice,
sobre o qual estava suspensa uma Hóstia, da qual caíam algumas gotas de Sangue dentro do Cálice.
O Anjo deixa suspenso no ar o Cálice, ajoelha junto de nós, e faz-nos repetir três vezes:
Santíssima Trindade...
Depois levanta-se, toma em suas mãos o Cálice e a Hóstia.
Dá-me a Sagrada Hóstia e o Sangue do Cálice divide-o pela Jacinta e o Francisco, dizendo ao mesmo tempo:
Tomai e bebei o Corpo e Sangue de Jesus Cristo, horrivelmente ultrajado pelos homens ingratos.
Reparai os seus crimes e consolai o vosso Deus.
E prostrando-se de novo em terra,
repetiu connosco outras três vezes a mesma oração: Santíssima Trindade... e desapareceu."
Os pastorinhos receberam realmente o Sangue de Jesus,
e desde esse momento a vida dos dois mudou radicalmente.
Já não agiam por eles próprios, pois tinham Jesus em si.
O Francisco viveu esta comunhão no mais íntimo de si mesmo.
Um dia perguntou ele à Lúcia:
O Anjo, a ti, deu-te a Sagrada Comunhão; mas a mim e à Jacinta, que foi que Ele nos deu?
Foi também a Sagrada Comunhão- respondeu a Jacinta, numa felicidade indizível
Não vês que era o Sangue que caía da Hóstia?
Francisco disse então:
"Eu sentia que Deus estava em mim, mas não sabia como era!".
A Jacinta sentiu nesse dia uma felicidade muito grande.
Quanto ela desejava receber sacramentalmente "Jesus Escondido"!
O seu desejo era tão vivo que lhe transformava o coração:
Não sei como é! Sinto Nosso Senhor dentro de mim.
Compreendo o que me diz e não O vejo nem oiço;
mas é tão bom estar com Ele!".
Mas o pároco nunca os autorizou a comungar.
A única vez que o Francisco receberá a comunhão das mãos de um padre, será como viático, na véspera da sua morte.
Mas ninguém os podia impedir de ir adorar o Santíssimo Sacramento.
Nunca se privaram disso, mesmo durante os tempos livres da escola:
"A Jacinta gostava de, durante o recreio, ir visitar o Santíssimo; mas, dizia ela:
Parece que adivinham. Logo que entramos na Igreja, é tanta gente a fazer-nos perguntas!
Eu gostava de estar muito tempo sozinha, a falar com Jesus escondido; mas nunca nos deixam!".
Quando ela esteve em Lisboa, ia muitas vezes à tribuna da capela,
de onde via o Sacrário, e lá passava horas a fio, com os olhos amorosamente fixos no Sacrário.
Durante a sua doença, os seus pais não lhe proibiam que fosse à Missa a Fátima. Mas Lúcia dizia-lhe:
Não venhas, Jacinta. Tu não podes, hoje não é domingo.
Não importa
respondia a pequena,
que sentia uma verdadeira atracção para Jesus Escondido
vou pelos pecadores que nem ao domingo vão.
...

свернуть