Esta gravação data de 11 de Outubro de 1988, foi efectuada no Angel Studio II, nos Olivais, com captação e registo de som de José Manuel Fortes, em Estéreo Digital, e pertence à Banda 1 da Face A do Disco LP de 33 R.P.M. editado pela “Polygram Discos, SA”, com a matriz “836 592-1” e o nome “Mar Português (Possessio Maris)”.
Neste disco, o cantor Paulo Alexandre interpreta a narrativa sinfónica “Possessio Maris” de Joaquim Luiz Gomes, baseada totalmente na 2ª parte do livro “Mensagem” de Fernando Pessoa, acompanhado pela Orquestra Sinfónica da RDP, dirigida pelo autor, num projecto declarado pela Sra. Secretária de Estado da Cultura, Dra. Maria Teresa Gouveia, como “Manifesto Interesse Cultural”, e apoiado pela UNICEF.
Aqui, escutamos o 1º número desta narrativa, uma partitura brilhante de Joaquim Luiz Gomes para o imortal poema de Fernando Pessoa, publicado com o nome "O Infante”:

Deus quer, o homem sonha, a obra nasce.
Deus quis que a terra fosse toda uma,
Que o mar unisse, já não separasse.
Sagrou-te, e foste desvendando a espuma.

E a orla branca foi de ilha em continente,
Clareou, correndo, até ao fim do mundo,
E viu-se a terra inteira, de repente,
Surgir, redonda, do azul profundo.

Quem te sagrou criou-te português.
Do mar e nós em ti nos deu sinal.
Cumpriu-se o Mar, e o Império se desfez.
Senhor, falta cumprir-se Portugal!

Depois de ter providenciado obras sinfónicas de grande força e vigor como a “Marcha Concertante”, os notáveis poemas sinfónicos “Pérolas Soltas” e “Poema Ribatejano”, a “Fantasia Popular Portuguesa” ou a “Abertura Scalabitana”, o autor da Nostalgia demonstra a sua total maturidade e excelência de compositor erudito, numa obra-prima que perpetuou definitivamente o seu nome na História da Música, mas que seria completamente desprezada pela elite musical portuguesa, pois há mais de 30 anos que já não é executada publicamente.
Quando a narrativa sinfónica completa foi apresentada ao cantor, o mesmo ficou completamente abasordido e arrasado com tamanha obra musical, e quando estreada por Paulo Alexandre e por toda a Orquestra Sinfónica da RDP, dirigida por Joaquim Luiz Gomes, o sucesso e os aplausos gerais da crítica e do público foram surpreendentes, sendo a narrativa difundida na Antena 2 da RDP, no programa “Concertos da Orquestra Sinfónica da RDP”, e transmitida num programa especial da RTP/1, também organizado por Paulo Alexandre, e que foi há algum tempo apresentado no Youtube.
A forma como Joaquim Luiz Gomes musicou este poema notável de Pessoa é a confirmação do compositor scalabitano como sendo um dos nomes mais influentes e mais importantes da História da Música Contemporânea Portuguesa.
Espero que gostem.

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