Brasil é o novo front da guerra de chips entre China e Estados Unidos. Saiba tudo agora.

O Brasil é uma das novas frentes de disputa entre Estados Unidos e China para dominarem a produção mundial de semicondutores, os famosos chips que são elementos essenciais na produção de tecnologia de celulares, veículos autônomos, computação avançada, drones e equipamentos militares altamente sofisticados, como mísseis e satélites.

Os semi condutores são o núcleo da guerra tecnológica entre as duas maiores potências da atualidade. Durante a pandemia, devido a interrupções na cadeia de fornecimento, houve escassez mundial de semi condutores, e por isso, diversos países buscam agora reduzir a dependência de importações ou no mínimo passar a ter fornecedores mais próximos geograficamente, no que é chamado de nearshoring.

Nos últimos meses, o governo dos Estados Unidos contatou diversas vezes ao governo do Brasil, e mostrou interesse em investir na cadeia de produção de chips em nosso país. Durante a visita de Lula a Biden em fevereiro, em Washington, a secretária de comércio norte-americana, Gina Raimondo, falou sobre as oportunidades de investimento nas várias etapas da cadeia de semi condutores no Brasil, após a aprovação da chamada Lei dos Chips, que liberou um pacote de US$ 52 bilhões para estimular a indústria norte-americana a reduzir a dependência de países asiáticos como Taiwan e Coreia do Sul, e criar uma cadeia de suprimentos de semi condutores em países do continente americano, e portanto mais próximos dos Estados Unidos, o que segundo o governo norte-americano, ajudaria a manter os Estados Unidos a frente da China na guerra tecnológica de semi condutores.

Em 15 de Fevereiro Raimondo telefonou para o vice-presidente do Brasil, Geraldo Alckmin, e voltou a falar sobre os investimentos que os Estados Unidos pretendem fazer na cadeia de produção de semi condutores no Brasil. E nesta quarta-feira, a representante de comércio dos Estados Unidos, Katherine Tai, vem ao Brasil com uma delegação de empresários norte-americanos que querem investir no Brasil, inclusive na área de semi condutores.

Além de aprovar um pacote bilionária para incentivar a produção de semi condutores avançados nos Estados Unidos e em países aliados do continente americano, o governo dos Estados Unidos também impôs uma série de embargos à exportação de chips e equipamentos avançados para a produção de chips para a China, com o objetivo de atrasar o desenvolvimento tecnológico do rival.

Holanda e Japão já aderiram aos embargos dos Estados Unidos, e proibiram a exportação para a China de maquinários que possam ser usados para desenvolver chips.

Um eventual investimento dos Estados Unidos na cadeia de chips do Brasil, evidentemente não viria sem restrições para que as empresas brasileiras beneficiadas, pudessem exportar semi condutores ou fazer qualquer tipo de negócios com o governo ou empresas da China, pois segundo a lei dos chips norte-americanas, as empresas que receberem recursos dos EUA, não poderão durante um prazo de 10 anos, de participar de nenhum negócio que envolva a venda direta ou participação na cadeia de produção de semi condutores para a China.

E não apenas as empresas produtores de chips estaria sob esta regra. O governo Biden também recorre a chamada regra do produto estrangeiro direto, que em resumo, proíbe indústrias de qualquer tipo, que usem softwares, tecnologia ou maquinários de origem norte-americana, em qualquer lugar do mundo, de exportar para a China sem a autorização do governo norte-americano, a determinados tipos de componentes que possam ser utilizados mesmo que indiretamente, na produção de semicondutores.

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