O conjunto musical Os Quentes da Madrugada, que conduz a festa, é liderado com capricho e rigor por mestres como Dico Boi, Ticó e Zé Pitanga, chamando a atenção pela excelência artística de seu repertório e a precisão de seus músicos e cantores. Formado exclusivamente por lavradores, pescadores e tiradores de caranguejo da própria comunidade, o conjunto utiliza somente instrumentos de percussão produzidos artesanalmente pelos mestres locais, tais como os grandes curimbós escavados em tronco de árvore e encuirados com couro de animais, o rufo (espécie de pequeno tambor de marcação), maracás feitos de cuieiras, o reque-reque feito de bambu, etc. É uma verdadeira música da floresta, orgânica, profundamente ecológica e integrada à natureza e ao modo de vida realmente sustentável dos caboclos da Amazônia.
A ausência de instrumentos de sopro e cordas levou à criação de uma sonoridade única, um baque forte e sincopado conduzido pela voz poderosa dos cantores em um ritmo pleno de harmonia e simplicidade. As cantigas são tão antigas quanto a Irmandade, apresentando uma poesia simples e bela, com letras revelando as conexões existentes entre o trabalho, a natureza, o amor, a fé, a memória histórica, as origens ancestrais... São preciosidades esculpidas pelo tempo e preservadas pela oralidade da comunidade.
Os trajes tradicionais de dança – paletó e gravata para os homens e blusa de manga e saia longa para as mulheres – são adereços que sugerem e propiciam movimentos coreográficos muito particulares e extremamente graciosos aos dançarinos, que impressionam pelo seu virtuosismo. Esses trajes rituais derivam do caráter sagrado do Carimbó da Irmandade, sendo mantidos com rigor por todos os irmãos. A ausência de instrumentos de sopro, a forma de baile com pausas entre as canções para descanso e troca dos pares são características próprias do Carimbó de São Benedito de Santarém Novo.
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