Vocês podem até acreditar que a China esteja fazendo uma limpeza moralizante, para castigar todos os corruptos. Hoje, por exemplo, a agência oficial anunciou a condenação, à prisão perpétua, de Zhou Yongkang, um velhinho de 72 anos, que já foi ministro da Segurança Interna, e presidente da estatal chinesa de petróleo. Ele foi condenado por corrupção. E tudo indica que ele era um corrupto de verdade. Juntou uma fortuna pessoal de 14 bilhões de dólares. É um dinheiro que agora o governo confiscou. Mas a condenação foi um acerto de contas político. Zhou Yongkang era inimigo pessoal do atual presidente chinês, Xi Jinping. O que o presidente quis foi se vingar de um velho rival. O julgamento foi feito a portas fechadas, e faz parte do desmantelamento do grupo ao qual Zhou pertencia. Ele era ligado a Bo Xilai, um sujeito da cúpula partidária, que agora está cumprindo pena de prisão perpétua. E era também amigo muito chegado a Liu Han, que foi o presidente de uma companhia de mineração. Esse Liu Han foi condenado à morte, e executado. A BBC publicou agora à tarde um mapa com seis outros poderosos amigos de Zhou. Eles estão presos ou estão sendo investigados. Então, para resumir. É muito louvável combater a corrupção. Mas, no caso chinês, esse roteiro tem muito mais o temperinho de vingança pessoal. No fundo, é previsível que a China seja um país corrupto. Ela abriu a economia, é agora uma potência mundial, mas continua a ter um regime fechado, sem nenhuma transparência. O Partido Comunista virou o piloto da máquina capitalista mais dinâmica do mundo. Mas a ditadura impede que se discuta abertamente o modelo de sociedade. As instituições chinesas são injustas, são taradas. Não existem escolas públicas gratuitas. E também não existe um sistema de aposentadoria. A China é uma ditadura respeitada em termos econômicos. Mas é uma ditadura tão ordinária, quando qualquer republiqueta de banana. É assim que o mundo gira. Boa noite.
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