Os oito reclusos intoxicados no Estabelecimento Prisional de Castelo Branco, com droga sintética, continuam a lutar pela vida e o seu estado clínico não apresenta melhoras, acabam de revelar à comunicação social os médicos Vieira Pires e Rui Filipe, respetivamente, presidente do Conselho de Administração da ULS de Castelo Branco e diretor Clínico do Hospital.
Todos os oito doentes do Estabelecimento Prisional de Castelo Branco já se encontram na Unidade de Cuidados Intensivos e alguns deles necessitaram de aspiração de vómito.
Quanto à substância que provocou a intoxicação, os médicos apenas adiantam que o resultado das análises toxicológicas é conhecido esta terça feira. “Mas seja qual for a substância deixam sempre sequelas”, adianta o médico Vieira Pires que conclui que “a única coisa de que há certeza é que estamos perante uma mistura de substâncias”.
“Nenhum doente está em condições de ser transferido, neste momento”, afirma Vieira Pires que adianta ainda que “não há falência de órgãos vitais, embora tenha havido um problema com um doente, um bocadinho mais grave, que teve necessidade de fazer aspiração de vómito, mas a Pneumologia já resolveu esta situação”.
O médico Rui Filipe revelou que “os oito doentes entraram em paragem respiratória e alguns deles estavam em instabilidade hemodinâmica, isto é, tinham arritmias, hipotensões, todas elas incompatíveis com a vida. A parte hemodinâmica foi recuperada logo nas primeiras horas. O que acontece agora é a recuperação da parte respiratória, porque alguns deles estiveram sem respirar durante algum tempo e isso leva sequelas ventilatórias e de aspiração”.
Após a conferência de imprensa, o diretor Clínico tinha agendada uma reunião com os familiares dos oito reclusos internados, para explicar a situação clínica.
Destes oito homens, com idades compreendidas entre 24 e 53 anos, três inspiram maior atenção da equipa clínica do Hospital. Trata-se dos dois irmãos, de Viseu, e de um albicastrense. Um dos irmãos, de Viseu, de 34 anos, esteve em estado muito crítico e após aspiração de vómito e atuação da Pneumologia, o seu estado desagravou. “Os doentes estão sedados para não terem dores e convulsões musculares, e não estão em coma induzido”, confirma Vieira Pires.
O produto ilícito entrou na cadeia, alegadamente, através da visita da manhã de domingo (10H00-11H00) e a visualização das imagens de vídeo vigilância apontam no sentido de identificação da fonte de entrada. O inquérito aberto vai revelar os pormenores e as imagens serão uma prova fundamental.
A visita aos reclusos começa no portão das traseiras, na zona da avenida da Europa, por onde entram os visitantes. Aqui, nesta entrada, processa-se a primeira filtragem aos sacos e aos objetos que são levados para o interior, sendo as pessoas apenas rastreadas por detetores de metal.
Na sala de visitas, do passado domingo, estava permitida a presença de 15 reclusos e, em média, cada um pode receber três pessoas. Nesta sala apenas estão presentes dois guardas e a vídeo vigilância, através de câmaras dotadas de sistema zoom (efeito de aproximação ou afastamento), mas cujos ecrãs de visionamento se encontram na portaria principal do Estabelecimento Prisional (junto ao portão do Largo de Santo António). Porém, na hora da visita, não havia nenhum elemento da Guarda a visionar as imagens em tempo real, por falta de efetivos.
A seguir ao almoço, numa das camaratas, com 10 reclusos, cinco deles começaram a apresentar convulsões e mesmo paragem cardiorrespiratória.
Na outra camarata, mais três reclusos apresentavam os mesmos sintomas. É então que é dado o alarme, através do sistema instalado em cada camarata e que serve para chamar os guardas para qualquer ocorrência.
Alguns dos reclusos, com a chegada dos guardas, correm para o chuveiro, vestidos e tudo, à procura de algum conforto com um banho de água.
Oito reclusos são transportados ao Hospital, mas mais três reclusos “abanados” são assistidos no interior da Cadeia.
Neste cenário, é acionada a operação de socorro e salvamento.
Os guardas de serviço são poucos e pedem auxílio à Polícia de Segurança Pública para garantir a segurança da Cadeia, enquanto se processam as operações de reanimação e transporte à unidade hospitalar.
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